terça-feira, 3 de maio de 2011

O correto é o meu certo

Quem nunca ouviu a velha máxima de que tudo depende de um referencial?
 Certamente, muitos se lembrarão das aulas de Cinemática, uma vez que para dizer se algo está em movimento, tem-se, primeiramente, que se observar o referencial. Simples, se dois carros (ou qualquer outra coisa que possa se mover, mas eu prefiro carros) estão a 200 quilômetros por hora, os dois estão parados. Não é ideia de maluco não, se tomarmos um dos veículos como referencial para o outro, a afirmativa estará corretíssima. Poderia ir bem mais longe e tratar da Teoria da Relatividade, porém, a Física não é o propósito desse texto.
Pois bem, o referencial não é aplicável apenas a coisas, mas também a conceitos fundamentais da sociedade, por exemplo, o bem e o mal.
Geralmente, reconhecemos como bom aquilo que vai de acordo com as nossas crenças e o perfil da sociedade na qual estamos inseridos e como mau, o que diverge dos preceitos moralmente aceitos pela mesma. Talvez pelo desejo de se firmar pessoalmente e de se inserirem com segurança na sociedade, as pessoas se unam a grupos de diversos tipos e com inúmeros ideais. Porém, o mais preocupante disso tudo é o fato de enxergar os outros grupos como ameaças e não aceitá-los.
Exemplos inundam os noticiários e o dia-a-dia: meu time é o certo e o seu é o errado, meu jeito de ser é certo e o seu errado, minha religião é certa e a sua errada, meu Deus (ou deuses) é o certo e o seu errado, meu país é o certo e o seu errado e por aí vai. Consequências dessas simples escolhas vão desde brigas de trânsito até guerras nucleares. Poderia escrever um denso artigo sobre cada uma delas e ainda teria assunto para um livro...
O outro passa a ser uma ameaça constante e a decisão mais primitiva e irracional de todas é tomada. Desde os tempos remotos, é de preocupação do homem, a defesa de seu território e propriedade, mas, também era interessante ao mesmo demonstrar seu poder por meio da dominação de outros territórios e, se necessário, o extermínio dos nativos. Logo, apenas se extremamente necessário, deve-se acabar com todo e qualquer tipo de mal, se o outro é mau e incomoda a minha sociedade...
O problema disso tudo reside no fato de que para o outro: todos somos outros e, por definição, somos maus, apesar de nos acharmos muito bons.
 Então, essa história nunca terá um fim, a não ser que saiamos de todo e qualquer tipo de sociedade e analisemos calmamente o conceito de bem e mal. Porém, não estou com vontade de descobrir que, dependendo do referencial, estou parado no meu preconceito junto com minha bondosa (ou não) sociedade.

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