quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Uma pitadinha de sal

Os jornais informam um aumento no salário mínimo no Brasil.
 Milhões de trabalhadores lêem (ou ouvem, pois, a taxa de analfabetismo ainda é alta), outros passam o olho rapidamente por um link do site de ações da empresa e ignoram.
 Três numerais dispostos em sequência se apresentam como em um show: para uns é um circo, riem entre uma reunião que envolve milhões de euros e outra a respeito de bilhões, para outros, um show de horrores, afinal aquela mínima quantia deverá ser o suficiente para sustentar em um mês uma família de, por exemplo, sete pessoas.
Cinco, quatro e cinco, zeros só depois da vírgula. 545 reais, em torno de 328 dólares. Um argumento dado a respeito do valor do salário é que um grande aumento seria insustentável à economia, uma vez que o contingente de trabalhadores que recebe tal valor é bem grande. Interessante.
Um, dois, mais quatro zeros (esses antes da vírgula). 120 mil reais é o custo de um senador para a União, segundo o G1, em torno de 72170 dólares, claro que nesse valor estão incluídos o salário (12000 reais) e outros benefícios. Um argumento dado a respeito do valor do salário é que a responsabilidade de um político é muito alta, tem que tomar decisões visando o país inteiro. Interessante.
O salário mínimo ideal, segundo o DIEESE, é de 2200 reais, quantia suficiente para satisfazer todas as necessidades de um cidadão. Mais interessante ainda. Não é intenção do presente texto propor um aumento gigantesco no salário, mas sim mostrar que o panorama poderia ser melhor.
Isso me fez lembrar da Roma Antiga, onde o pagamento dos soldados era realizado com sal. Daí o nome salário. Naquela época havia escravos que não recebiam salário, mas que tinham que ser sustentados pelos seus donos, ou seja, o dono tem que satisfazer as necessidades do escravo. Bem interessante.
Atualmente, as pessoas não tem donos, na teoria... Mas recebem apenas um quarto daquilo que deveriam receber, ou seja, o valor de um escravo paga quatro e o dono nem precisa se preocupar com despesas adicionais. Nossa, acho que estou me confundindo com as palavras, favor ler trabalhador no lugar de escravo e patrão no lugar de dono.
Pelo menos, o tempo passou e não se paga mais com sal. Pois, se fosse assim, o almoço do povo teria apenas uma pitadinha de sal e o do senador teria um rodízio caprichado. Afinal, como é que alguém com a barriga vazia vai decidir por um país inteiro?

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